Youssef Daoudi

Youssef Daoudi

Desde muito cedo apaixonado pelo desenho, Youssef Daoudi começou por trabalhar em publicidade antes de se dedicar à banda desenhada. Do desafio do argumentista e cenarista Philippe Bonifay nasceu a sua primeira obra para BD, La Trilogie Noire, adaptação da obra do escritor Léo Malet em três volumes; a que se seguiram Mayday, sobre uma investigação ao escândalo de acidentes aéreos em companhias low cost; Ring, Sebring 70 e 24 heures du Mans, sobre corridas de automóveis de competição, Les maîtres de guerre, sobre a arte e os mestres da guerra, entre Sun Tzu e Churchill, passando por Hannibal e Napoleão, e Tripoli, novela gráfica histórica sobre a intervenção americana no norte de África no início do século XIX (os primeiros marines da História).

Desenhador competente e versátil, experiente numa banda desenhada que diríamos de entretenimento, este Monk! é uma revelação.
Como ele conta, apesar de conhecer a música de Thelonious Monk de há muito (quem não conhece?), foi apenas após uma viagem a New York com a sua mulher que se apercebeu da importância do pianista para a história do Jazz e da música. Quanto mais lia sobre Monk e ouvia, mais a obsessão se apoderava dele.

Monk! levou três anos a construir-se. Por diversas vezes Daoudi bloqueava ou refazia pranchas ou capítulos inteiros, procurava a perspectiva certa, até se decidir pela intervenção de Nica, Pannonica de Koenigswarter, baronesa de Rothschild, amante de Jazz e protectora de muitos músicos; amiga de Thelonious Monk, omnipresente até ao fim da sua vida. A relação de Nica com Monk, o drama e a loucura e o génio do pianista perpassam pela obra, até na construção irregular da narrativa.

Monk! é uma obra soberba. Mais do que uma biografia ou uma novela gráfica – ela não possui uma construção linear -, Monk! é a homenagem de um artista a outro artista; a homenagem devida ao talento inexcedível de Thelonious Monk.

A prancha que esta exposição exibe ocupa duas páginas do livro: o génio excêntrico que interrogou cânones e enfrentou demónios sobreeleva-se sobre o piano e sobre si como um boxeur e agiganta-se sobre a música e sobre o tempo. Magnífica!

Monk! de Youssef Daoudi merece um lugar de destaque na estante de qualquer amante de Jazz. (O exemplar que possuo foi-me oferecido por um grande amigo e excelente músico, no regresso de um concerto em New York! – definitivamente, eu sou um tipo com sorte!)

O scan que está em exibição foi gentilmente cedido pelo autor através da sua representante, Holly McGhee.